Após o lançamento em Torres Vedras (Paços do Concelho) no dia 10 de Novembro de 2012, terá lugar a apresentação em A dos Cunhados, no Auditório da Junta de Freguesia, no próximo dia 18 de Novembro, domingo, pelas 15h. Actuará o Côro da Pró-Memória. Durante a sessão de autógrafos, será servido um “Porto de Honra” e uma filhó (imagem de marca da Associação).
” A Azenha de A dos Cunhados, actualmente propriedade da Pró-Memória, pertenceu durante mais de 400 anos ao morgadio de Torres Vedras instituído em 1475 por Rui Gomes de Alvarenga, destacada figura torriense que chegou a chanceler-mor do reino no tempo de D. Afonso V.
Oriundo de uma família abastada da vila, adquiriu bens por todo o concelho, incluindo várias propriedades em A dos Cunhados. Entre elas encontrava-se o casal dos Cunhados que incluía terras de sementeira e engenhos de moagem, dos quais sobreviveu a actual azenha.
O morgadio passou para a administração do seu filho primogénito Gomes Soares de Melo e, após ele, para os seus descendentes directos, os Soares de Alarcão e Melo, poderosos alcaides-mores de Torres Vedras, que foram senhores da azenha até 1642.
No contexto da restauração da independência, D. João Soares de Alarcão, que herdara a casa dos seus avós, abandonou Portugal e colocou-se ao serviço de Filipe IV de Espanha. Como consequência deste ato, o rei D. João IV, anulou-lhe os títulos, desnaturalizou-o e confiscou-lhe todos os bens.
Após um longo processo judicial iniciado pelos condes de Avintes (a condessa era sobrinha de D. João de Alarcão), o património regressou à família em 1677 e com ele a Azenha que permaneceu na casa de Avintes/Lavradio até 23 de Setembro de 1872, data em que foi vendida a Pedro Fernandes, proprietário e residente em A dos Cunhados.
Após a sua morte a Azenha passou para a viúva, D. Maria da Nazaré Leal Henriques e depois para o filho Lino Fernandes que a manteve em actividade até 1969. Após um período de abandono por parte dos proprietários, a Pró-Memória, em 2002, adquiriu o imóvel e iniciou a sua recuperação.
Nos primeiros tempos as azenhas do Casal dos Cunhados eram denominadas Azenhas de Baixo. Nos séculos XVII e XVIII, a que ficava mais próxima da povoação e que corresponde à actual passou a ser conhecida por Azenha do Meio e no século XIX chamou-se simplesmente Azenha. No século XX, enquanto os documentos oficiais recuperaram o nome de Azenha de Baixo, a população local preferiu designá-la por Azenha do Sr. Lino (Fernandes).
Actualmente, sendo património da Pró-Memória ela é conhecida por Azenha de A dos Cunhados.”
Biografia das Autoras:
Maria Natália da Silva, nasceu no Sobreiro Curvo em 1953. É licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em História Moderna pela mesma Universidade. Foi professora do ensino secundário e actualmente dedica-se à investigação da História Local, de que se destacam os estudos A dos Cunhados. Itinerários da Memória. Coordenação de João Luís Inglês Fontes, A dos Cunhados, Edição Pró-Memória, 2002, (em coautoria) e Poder e Família em Torres Vedras no Antigo Regime. Espaço de Actuação e Formas de Controlo Social (1663-1755), Edições Colibri – Câmara Municipal de Torres Vedras, 2006.
Desde 2009 exerce uma colaboração científica, em regime de voluntariado, no Arquivo Municipal de Torres Vedras, no âmbito do projecto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico intitulado “Espaços Urbanos: dinâmicas demográficas e sociais (séculos XVII-XX)”.
Maria da Graça Santa Cruz Lourenço, nasceu em Torres Vedras, no ano de 1957, mas sempre residiu em A dos Cunhados. É licenciada em Português /Francês – via ensino – pela Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Lisboa. Foi professora do ensino básico e actualmente dedica-se à investigação etnográfica local de que se destacam os estudos A dos Cunhados. Itinerários da Memória. Coordenação de João Luís Inglês Fontes, A dos Cunhados, Edição Pró-Memória, 2002, e Azenha de Santa Cruz,, o Espaço, a História e as Gentes, Edição Câmara Municipal de Torres Vedras, 2006 (ambos em coautoria).